O judô foi criado por Jigoro Kano em 1882, no Japão, com o intuito de desenvolver uma luta que reunisse diversas práticas dos japoneses das extintas artes samurais. No entanto, seguindo as condições sociais e culturais em que as mulheres se encontravam no país, o judô para mulheres só teve início através do Kodokan Joshi Bu, uma seção feminina, em 1926.
O Kodokan Joshi Bu não permitia que mulheres praticassem a luta propriamente dita, apenas os amortecimentos, movimentos ginásticos e os katas voltados para a saúde, já que eram consideradas frágeis e sensíveis. Sendo assim, elas não faziam o mesmo judô que os homens. Por outro lado, Jigoro Kano dizia que se alguém quisesse conhecer o verdadeiro “caminho suave” deveriam conhecer o judô do Kodokan Joshi Bu.
Em 1933, Katsuko Kosaki se tornou a primeira mulher faixa preta na modalidade. Kosaki recebeu uma faixa preta com uma listra branca no meio, com o propósito de diferenciá-la da faixa dos homens, que era em cor sólida preta. A justificativa foi a de que a listra branca representava a pureza, gentileza e a obediência da mulher.
Ao longo dos anos, Jigoro Kano enviou dezenas de japoneses pelo mundo para difundir o judô e com eles, foram também as faixas diferenciadas para homens e mulheres, acreditando que o judô das mulheres seria sempre diferente do judô dos homens.
O uso da listra branca na faixa feminina caiu em desuso quando a Federação Internacional de Judô a proibiu em competições oficiais organizadas pela entidade no ano de 1999, acreditado na promoção da igualdade de gênero no judô. Porém, diversas escolas de judô tradicional pelo mundo continuaram a incentivar o uso da listra branca. Como também, algumas mulheres continuam usando a listra sob forma de protesto para denunciar a existência de sexismo no judô. No Japão somente em 13 de março de 2017, uma nova regulamentação criada pelo comitê executivo da Federação Japonesa de Judô aboliu a faixa preta feminina com uma listra branca usada em competições internas na terra do judô que diferenciava homens e mulheres no tatame.
De acordo com Jigoro Kano, “a arte feminina era a perfeita, pois era mais técnica, sofisticada e englobava muitas coisas além da defesa pessoal”. Mas somente em 1980, que o primeiro campeonato mundial de judô feminino foi estabelecido. No primeiro campeonato mundial para mulheres, que aconteceu em Nova York, no ginásio de Madison Square Garden, as categorias eram: até 48 kg, até 52 kg, até 61 kg, até 66 kg, até 72 kg e acima de 72 kg. Foi a partir da participação do judô feminino em campeonatos continentais e campeonatos mundiais que as atletas participaram de forma experimental das Olimpíadas de Seul em 1988. No ano de 1992, nas Olimpíadas de Barcelona, o judô feminino tornou-se oficialmente esporte olímpico, apesar do judô masculino já fazer parte dos jogos desde 1964.
Autor: Anderson Silva
Data: 09/12/2022